"Disse Jesus: - Quem procura
achará; a quem bate abrir-se-lhe-á.
Outros evangelistas
acrescentaram: “Quem pede receberá”.
Muitos estranham que o homem deva
pedir, procurar, bater, a fim de receber de Deus as coisas necessárias. Será
que Deus não sabe do que o homem necessita?
Entretanto, convém lembrar que o
Universo só funciona na base do Uno e do verso, do Creador e da creatura, do
Doador e do receptor. Essa bipolaridade complementar caracteriza todos os
setores do Universo.
O Uno do Infinito é dativo – o
Verso dos finitos é receptivo.
Quando o verso é inconsciente,
recebe automaticamente do Uno – é o que acontece em toda a natureza
infra-hominal: os minerais, os vegetais, os animais, recebem automaticamente do
Uno as coisas de que necessitam.
Mas quando o verso é consciente
como o homem, o Uno só lhe dá algo na medida da sua receptividade. Essa
receptividade, porém, é variável, elástica, proporcional. O homem consciente
pode alargar ou estreitar a medida da sua recipiência.
A insistência no pedir, procurar,
bater é um convite para que o homem alargue a sua capacidade receptiva, a sua
abertura rumo ao Doador. O Uno do Creador só pode dar algo ao Verso da creatura
consciente e livre na medida que esta for receptiva.
O Universo é um kosmos, isto é, um sistema de ordem e
harmonia; cada creatura deve agir de acordo com a sua natureza. Quem pode,
deve; quem não pode, não deve. O homem pode alargar a sua capacidade receptiva;
logo deve. Se o homem recebesse algo sem pedir, procurar, bater, seria ele
reduzido ao plano dos seres infra-hominais, que nada disto fazem, porque não o
podem, e recebem tudo.
Toda esta insistência que os
Mestres fazem em qualquer forma de orar ou pedir não tem a finalidade de
lembrar a Deus das nossas necessidades; mas visa unicamente a estabelecer em
nós as condições humanas para que a causa divina possa agir de acordo com a
nossa natureza consciente."
(A Essência da Sabedoria – A Arte
de Viver – p. 52/53 – In: O Quinto
Evangelho, A Mensagem do Cristo Segundo Tomé, Huberto Rohden, Editora Martin Claret, São Paulo, 1993).
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