"Deus desejava que Seus filhos humanos vivessem sobre
a Terra com a percepção desperta do Espírito que modela toda a criação e,
assim, desfrutassem do divino drama onírico como um entretenimento cósmico.
Dentre todas as criaturas vivas, apenas o corpo humano foi equipado, como uma
criação especial de Deus, com as faculdades e os instrumentos necessários para
expressar plenamente os divinos potenciais da alma. Mas, pela ilusão de Satã, o
homem ignora seus dons superiores e permanece apegado à limitada forma corporal
e à sua mortalidade.
Como almas individualizadas, o Espírito manifesta
progressivamente Seu poder de conhecimento ao longo dos sucessivos estágios de
evolução: resposta inconsciente, nos minerais; sensibilidade, na vida vegetal;
conhecimento sensitivo guiado pelo instinto, nos animais; intelecto, razão e
intuição introspectiva pouco desenvolvida, no homem; e genuína intuição, no
super-homem.
Diz-se que, depois de oito milhões de vidas percorrendo
estágios sucessivos da evolução, como um filho pródigo viajando através dos
ciclos das encarnações, a alma chega por fim a um nascimento humano.
Originalmente, os seres humanos eram puros filhos de Deus. Ninguém conhece a
consciência divina de que desfrutavam Adão e Eva, exceto os santos. Desde o
pecado original - o mau uso de sua independência -, o homem perdeu essa
consciência, associando sua identidade com o ego corporal e seus desejos
mortais. Não é incomum ver pessoas que mais se assemelham aos animais,
motivados por instintos, do que a seres humanos, capazes de reagir
intelectualmente. Elas são tão materialistas que, ao ouvirem falar sobre
comida, sexo ou dinheiro, compreendem e respondem reflexivamente, como o famoso
cão salivante de Pavlov. Mas, se alguém tentar engajá-las numa rica discussão
filosófica a respeito de Deus ou do mistério da vida, reagirão sem compreender,
como se o seu interlocutor fosse um insano!
O homem espiritual está tentando libertar-se da
materialidade que é a causa de seus desvios pródigos no labirinto das
encarnações, porém o homem comum não deseja mais do que uma melhoria de sua
existência terrena. Assim como o instinto confina o animal dentro de limites
estabelecidos, também a razão restringe o ser humano que não tenta tornar-se um
super-homem pelo desenvolvimento da intuição. Quem venera apenas a razão e não
está ciente da disponibilidade de seu poder de intuição - o único que lhe
permite conhecer-se como uma alma - permanece pouco mais que um animal
racional, desconhecendo a herança espiritual que é seu direito inato."
(Paramahansa
Yogananda - A Yoga de Jesus – Ed. Self-Realization Fellowship - p. 52/53)
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