Comentário de
Paramahansa Yogananda a respeito do tema “
O que significa ser religioso”,
estampado no livro “
A Ciência da Religião – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 13/15”
“(...) toda pessoa neste mundo é religiosa, porque cada uma está
tentando livrar-se da carência e da dor e obter a Bem-aventurança. Todas
trabalham para o mesmo objetivo. Em sentido estrito, porém, somente poucos
neste mundo são religiosos, porque não são muitos os que conhecem os métodos
mais eficazes para remover, permanentemente, toda dor e carência – física,
mental ou espiritual – e obter a verdadeira Bem-aventurança.
O devoto genuíno não pode se aferrar a um conceito rigidamente estreito
e ortodoxo da religião, mesmo que tal conceito esteja remotamente relacionado à ideia da religião que estou procurando elucidar aqui. Se você, durante algum
tempo, não frequentar igreja ou templo, nem participar de qualquer cerimônia ou
formalidade religiosa – mesmo que se comporte religiosamente em sua vida diária
sendo tranquilo, equilibrado, concentrado, caridoso, e extraindo felicidade até
das situações mais difíceis -, então as pessoas comuns de tendências
marcadamente ortodoxas ou estreitas moverão a cabeça e afirmarão que, embora
você esteja tentando ser bom, ainda assim, do ponto de vista da religião ou aos
olhos de Deus, você está “se perdendo”, já que nos últimos tempos não tem
entrado nos limites dos lugares sagrados.
É claro que, embora não possa haver desculpa válida para a pessoa se
excluir permanentemente de tais lugares sagrados, não pode haver, por outro
lado, razão legítima para ela ser considerada mais religiosa por frequentar a
igreja se, ao mesmo tempo, não aplica na vida cotidiana os princípios que a
religião sustenta, quer dizer, aqueles que contribuem afinal para a obtenção da Bem-aventurança permanente. A
religião não está atarraxada aos bancos da igreja, nem tampouco limitada às
cerimônias que ali se realizam. Se você tem uma atitude de reverência, se vive
cotidianamente sempre com a perspectiva de trazer a imperturbável consciência
de Bem-aventurança para sua vida, será tão religioso dentro quanto fora da
igreja.
Naturalmente, isso não deve ser entendido como argumento para abandonar
a igreja, a qual é, geralmente, um grande auxílio em muitos aspectos. O que se
deseja destacar é que não basta se sentar no banco da igreja e apreciar
passivamente uma pregação, é indispensável não economizar esforços para
alcançar a felicidade eterna também nas horas em que se está fora do templo.
Não se trata de que ouvir uma pregação não seja em si uma coisa boa; certamente
que é.”
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