“O destino e o livre-arbítrio sempre existiram. O destino é o resultado
de ações passadas e diz respeito ao corpo. Deixe o corpo agir como lhe
aprouver. Por que ficar preocupado com isso? Por que prestar atenção nele? O
livre-arbítrio e o destino durarão enquanto o corpo durar. Mas a Sabedoria
(Jñana) transcende a ambos. O Eu Real está além do conhecimento e da
ignorância. O que quer que aconteça, é resultado de nossas ações passadas, da
Vontade Divina e de outros fatores.
Só há duas maneiras de conquistar o destino ou ficar independente dele.
Uma é investigar para quem existe esse destino e descobrir que só o ego é
aprisionado pelo destino e não o Ser, e que o ego não existe. A outra é
extinguir o ego através da entrega completa a Deus, compreendendo a nossa
própria impotência e dizendo o tempo todo, “Não eu, mas Vós, ó Senhor”, assim
renunciando todo sentimento de “eu” e “meu”, e deixando que Deus faça o que lhe
aprouver com você. Uma anulação completa do ego é necessária para a conquista
do destino, seja através da autoinvestigação, seja pela senda da devoção
(bhakti mãrga).
Tudo está predeterminado. Mas o homem é sempre livre para não se
identificar com o corpo e não ser afetado pelos prazeres ou dores decorrentes
das atividades do corpo.
Apenas aqueles que não têm conhecimento da Fonte de onde surge o destino
e o livre-arbítrio discutem qual dos dois prevalece. Aquele que realizou o Eu
Real, que é a Fonte tanto do destino quanto do livre-arbítrio, deixou tais
disputas para trás e já não tem nada mais a ver com eles.
Sucesso e fracasso são consequências do prãrabdha karma (destino) e não
da força de vontade ou da falta dela. Devemos tentar obter equilíbrio mental em
quaisquer circunstâncias. Isto é força de vontade.”
(Vida e Ensinamentos
de Sri Ramana Maharshi - Ed. Teosófica, Brasília-DF - p. 75/76)
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