“Não basta observar o mandamento:
“Não matarás!” Mesmo o pensamento de matar, de odiar, é tão mortal quanto o
próprio ato. Podemos achar que não importa o que pensemos, desde que ajamos
corretamente. Mas, quando chega a hora da provação, acabamos por trair-nos,
porque os pensamentos controlam os atos. Na hora da provação, se nossas mentes
estão cheias de ódio, esse ódio se traduzirá em atos de violência, de destruição,
de morte. Postar-nos no púlpito e falarmos sobre o amor não nos ajudará; não
acabará com a guerra e com a crueldade – se faltar amor em nossos corações. O
amor não virá a nós simplesmente porque dizemos que o possuímos, ou porque
procuramos impressionar os outros com a doçura aparente de nossas naturezas.
Ele ocorrerá somente quando tivermos controlado interiormente nossas paixões e
tivermos dominado nosso ego. Então o amor divino crescerá em nós e, com ele, o
amor aos nossos semelhantes. Mas o amor de Deus conquista-se com a
autodisciplina, que deixamos de pôr em prática. Esquecemo-nos da finalidade da
vida: a percepção e a visão de Deus. Esta é a nossa real dificuldade e é por
isso que, quando Jesus nos pede que amemos nossos inimigos, somos incapazes de
obedecer-lhe, mesmo que o queiramos. Não sabemos como fazer.
Não podemos amar a Deus e odiar
nosso próximo. Se, de fato, amamos a Deus, nós o encontraremos em todos; assim,
como podemos odiar alguém? Se prejudicamos alguém, prejudicamos a nós próprios;
se ajudamos alguém, ajudamos a nós próprios. Todos os sentimentos de separação,
de exclusivismo e de ódio não são apenas moralmente errados – são também
ignorância, porque negam a existência da Divindade onipotente.”
(Swami Prabhavananda – O Sermão
da Montanha segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 53/54)
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