“A vida, sua substância e seu
propósito são um enigma difícil, mas não insolúvel. Com o progresso de nossa
reflexão, estamos diariamente resolvendo alguns desses segredos. Os
instrumentos desta era moderna, calculados minuciosa e cientificamente, são
certamente notáveis. As descobertas da ciência física, que proliferam, merecem
crédito, dando-nos uma visão mais clara dos modos pelos quais a vida pode ser
aperfeiçoada. Mas, a despeito de todos os nossos instrumentos, estratégias e
invenções, parece que ainda somos joguetes nas mãos do destino e que temos um
longo caminho pela frente antes de podermos ficar independentes da dominação da
natureza.
É certo que permanecer o tempo
todo à mercê da natureza não é liberdade. Nossas mentes entusiásticas são
rudemente tomadas por um senso de desamparo quando somos vítimas de enchentes,
tornados ou terremotos, ou quando, aparentemente sem motivo ou explicação, as
doenças ou acidentes arrancam de nós os entes queridos. Nessa hora percebemos
que, na verdade, não conquistamos tanto assim. Apesar de todos os nossos
esforços para tornar a vida o que queremos que ela seja, sempre haverá certas
condições introduzidas neste planeta – infinitas e guiadas por uma Inteligência
desconhecida, e que operam sem nossa iniciativa – que fogem ao nosso controle.
Na melhor das hipóteses, só podemos agir e fazer alguns aperfeiçoamentos.
Semeamos o trigo e fazemos a farinha, mas quem fez a semente original? Comemos
o pão feito da farinha de trigo, mas quem tornou possível que o digeríssemos e
assimilássemos?
Em todos os setores da vida
parece haver, a despeito de sermos nós os instrumentos, uma inevitável
dependência de Deus, sem a qual não podemos viver. Com todas as nossas
certezas, ainda temos de suportar uma existência incerta. Não sabemos quando o
coração vai falhar. Disso advém a necessidade de uma destemida confiança em
nosso verdadeiro Eu imortal e na Divindade Suprema, a cuja imagem esse Eu foi
feito – uma fé que funciona sem egoísmo, sem ansiedade nem limitações, e que
trabalha árdua e alegremente.
Entregue-se de maneira absoluta e
destemida a esse Poder Superior. Não importa que hoje você tome a resolução de
ser livre e confiante e que, amanhã, apanhe um resfriado e se sinta muito mal.
Não esmoreça! Ordene à sua consciência que permaneça inalterável na fé. O Eu não
pode ser contaminado pela doença.
Não se comporte como um mortal
bajulador. Você é um filho de Deus!
Você foi feito à imagem Dele.
Você não pode ser ferido ou penetrado por pedras, nem petardos, nem
metralhadoras, nem bombas atômicas. Lembre-se: o melhor abrigo é o silêncio da
alma. E se você puder desenvolver esse silêncio, nada no mundo poderá tocá-lo.
(...) Você pode permanecer inabalado em meio à colisão de mundos que se
destroem.
Ponha seu coração em Deus. Quanto
mais você buscar Nele a paz, mas essa paz destruirá suas preocupações e
sofrimentos.”
(Paramahansa
Yogananda – Paz interior – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 109/113)
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