“As práticas religiosas são estabelecidas pelos profetas na forma de
doutrinas. Homens de intelecto limitado, não conseguindo interpretar o
verdadeiro significado dessas doutrinas, aceitam sua expressão exotérica ou
externa e, gradualmente, caem nas formalidades, convenções e práticas rígidas.
Essa é a origem do sectarismo.
O descanso no dia de sábado foi erroneamente interpretado como a
obrigação de evitar todo tipo de trabalho – inclusive o trabalho religioso.
Esse é o perigo em que incorrem os homens de entendimento limitado. Devemos
recordar que não fomos feitos para o sábado, mas o sábado foi feito para nós;
não fomos feitos para as regras, mas as regras foram feitas para nós; elas mudam
conforme mudamos. Devemos aderir à essência de uma regra, e não nos aferrar
dogmaticamente à sua forma.
Para muitos, mudar as formas e os costumes implica mudar de uma religião
para outra. Não obstante, o significado mais profundo das doutrinas de todos os
diferentes profetas é essencialmente o mesmo. A maioria das pessoas não
compreende isso.
Há um perigo semelhante no caso daqueles que são dotados de grande
capacidade intelectual; eles tentam
conhecer a Verdade Suprema apenas pelo exercício do intelecto; mas a Verdade
Suprema só pode ser conhecida por experiência direta. A experiência direta é
diferente da mera compreensão. Não nos é possível compreender intelectualmente
a doçura do açúcar se não o tivermos provado. Do mesmo modo, o conhecimento religioso
decorre da experiência mais profunda de nossa própria alma. Frequentemente nos
esquecemos disso quando procuramos aprender a respeito de Deus, dos dogmas
religiosos e da moralidade. Raramente buscamos conhecer essas coisas através da
experiência religiosa interior.
É lamentável que homens de grande capacidade intelectual – bem-sucedidos
no uso da razão para descobrirem as verdades profundas das ciências naturais e
de outros campos do saber – pensem que também serão capazes de compreender
intelectualmente as verdades religiosas e morais superiores. É também
lamentável que o intelecto ou a razão desse s homens, em vez de lhes servir de
ajuda, frequentemente constituem barreiras à sua compreensão da Verdade Suprema
pelo único meio possível: experimentá-la na própria vida .”
(Paramahansa Yogananda – A Ciência da
Religião – Ed. Self-Realization Fellowship – p. 59/60)
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