“Quando um avatar se aproxima da
plenitude da sua realização – então anseia ele por um sofrimento voluntário. De
tão liberto de todas as escravidões compulsórias, anseia ele por uma escravidão
voluntária.
Quem é pouco livre não gosta de
servir – quem é muito livre serve por amor.
Quando um avatar se aproxima do
zênite da sua liberdade, desce ele ao nadir da servidão – por amor.
Por amor não só de seus
semelhantes ainda não libertos, mas por amor à própria autolibertação ulteriormente
realizável.
Somente uma servidão voluntária
levará o avatar a uma libertação maior.
O avatar não quer gozar um céu
gozado – ele quer gozar um céu sofrido.
O zênite de gozar impele ao nadir
do sofrer.
O avatar sabe que a vida não é uma
meta final, mas uma jornada em perpétua evolução.
Para o iniciado, sofrimento não é
infelicidade – a própria felicidade o impele ao sofrimento. A um sofrimento por
amor à sua realização ultra-realizável.
O Cristo, que estava na glória de
Deus, não julgou necessário aferrar-se a esta divina igualdade; esvaziou-se dos
esplendores da Divindade e revestiu-se da roupagem humana; tornou-se homem,
servo, vítima, crucificado; por isto, Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um
nome que está acima de todos os nomes, de maneira que em nome do Cristo se
dobram todos os joelhos, dos celestes, dos terrestres e dos infra-terrestres, e
todos confessam que o Cristo é o Senhor.
O Cristo encarnado se tornou um
super-Cristo depois de encarnado.
É essa estranha antidromia de
todos os grandes espíritos: evolver mediante uma voluntária involução.
Quem quiser ser grande – faça-se
pequeno.
Quem quiser subir – desça para
subir mais alto.
Quem quiser viver eternamente –
morra espontaneamente.”
(Huberto Rohden – De Alma para
Alma – 167/168)
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